Andrés Rojas decola na polêmica: expulsão de Gonzalo Plata gera crise entre Flamengo e CONMEBOL

Quando o relógio marcou o fim da partida de ida entre Flamengo e Estudiantes, o placar mostrava 2 a 1 para o time brasileiro. Contudo, o que ficou na memória dos torcedores não foram os dois gols, mas a expulsão do atacante equatoriano Gonzalo Plata, aplicada pelo árbitro colombiano Andrés Rojas. O episódio acabou gerando uma tempestade de críticas, protestos formais e, em uma reviravolta rara, a revisão da decisão por parte da CONMEBOL.
O que aconteceu na partida?
O duelo, válido pelas quartas de final da Copa Libertadores, começou com o Flamengo impondo seu ritmo. Dentro de dez minutos, Gabriel Barbosa (Barbinha) abriu o placar após uma jogada ensaiada. Um lance de contra‑ataque logo depois viu Arrascaeta dobrar a vantagem, deixando o time de Gábor Kovács com oito minutos de vantagem.O Estudiantes, porém, reagiu no segundo tempo. Um gol de Mateo Luna reduziu a diferença, e, aos 68 minutos, a equipe argentina fez 2 a 1. Foi justamente nesse período que a trama se complicou para o Flamengo.
Gonzalo Plata recebeu o primeiro cartão amarelo ainda na primeira metade, por uma suposta falta sobre o lateral argentino. Pouco depois, em uma disputa de bola no meio‑campo, o árbitro novamente mostrou o cartão amarelo a Plata, considerando que ele teria atrapalhado um contra‑ataque. O Flamengo contestou imediatamente, alegando que Plata havia vencido a bola de forma limpa e que o toque era típico de um jogador de linha ofensiva, não de uma falta.
Com o segundo amarelo, o árbitro aplicou automaticamente o vermelho, enviando o atacante ao vestiário. Como a partida já tinha entrado no tempo de VAR, a equipe técnica do Flamengo pediu revisão, mas a tecnologia não permite mudar uma expulsão resultante de duas advertências em sequência, a menos que haja erro claro na aplicação das regras, o que, segundo os oficiais, não foi o caso.

Reação do Flamengo e a disputa com a CONMEBOL
Ao final do jogo, a delegação do Flamengo já havia se levantado em protesto. O diretor de futebol, José Rodrigo, descreveu Rojas como "completamente fora de controle" e exigiu que a CONMEBOL revisasse cada decisão crítica. Em comunicado oficial, o clube listou, ponto a ponto, os lances que considerou equivocados, argumentando que a ausência de revisão do VAR era uma falha sistêmica.
O clube ainda fez um pedido ousado: que o árbitro colombiano fosse excluído de futuras partidas da Libertadores, citando que seu desempenho prejudicou a credibilidade da competição. A declaração gerou reações variadas nas redes sociais, com torcedores divididos entre apoio ao Flamengo e defesa da arbitragem.
Em resposta, a CONMEBOL abriu um procedimento de revisão pós‑jogo. Um comitê especializado analisou as imagens, depoimentos e o relatório oficial do árbitro. Após duas sessões de avaliação, o organismo decidiu que o segundo cartão amarelo a Plata havia sido injustificado, anulando assim a expulsão. A medida permite que o atacante participe do jogo de volta, marcado para o próximo fim de semana.
Essa reversão é incomum. Historicamente, a CONMEBOL raramente altera decisões já tomadas em campo, exceto em casos de erro técnico evidente, como a aplicação incorreta da Lei 12 (impedimento) ou a falta de um pênalti claro. O caso de Plata, portanto, pode abrir precedentes para futuras revisões, especialmente em confrontos de alta pressão.
Enquanto isso, a partida de volta entre Flamengo e Estudiantes está programada para ser ainda mais decisiva. O Flamengo, agora com Plata de volta, tem a chance de consolidar a vantagem ou, se cometer novos deslizes, ver o placar virar. O Estudiantes, por sua vez, procura explorar a fragilidade defensiva do rival e aproveitar a energia da torcida argentina.
Além do impacto direto no confronto, o episódio reacendeu o debate sobre o papel do VAR na América do Sul. Críticos apontam que a tecnologia ainda está aquém dos padrões europeus, sobretudo quando se trata de situações de cartões duplos. Defensores, por outro lado, argumentam que o VAR ainda está em fase de adaptação e que a pressão sobre os árbitros em jogos de alto risco pode gerar decisões precipitadas.
Especialistas em arbitragem sugerem que a CONMEBOL invista em treinamento mais intenso para árbitros, especialmente em relação ao uso do VAR em situações de duas advertências. A ideia seria criar protocolos que permitam, em casos extremos, a revisão de um segundo amarelo quando houver dúvida clara, sem comprometer a integridade das regras.
O caso também levanta questões sobre a comunicação entre clubes e órgão regulador. O Flamengo optou por uma postura agressiva, publicando um documento detalhado e exigindo respostas rápidas. Essa estratégia pode inspirar outros times a adotar medidas semelhantes, seja para corrigir falhas ou para pressionar por mudanças estruturais.
O que fica claro é que a arbitragem na Libertadores está em foco, e a pressão por transparência e justiça está mais alta do que nunca. Se a revisão de Plata for apenas a ponta do iceberg, podemos esperar mais discussões, mais análises de vídeos e, possivelmente, ajustes nas regras que regem o uso do VAR nas próximas edições do torneio.
Em suma, a controversa expulsão de Gonzalo Plata não é só um ponto de discórdia entre Flamengo e Andrés Rojas; é um catalisador para uma reflexão mais ampla sobre como o futebol sul‑americano lida com tecnologia, justiça e a autoridade dos árbitros em momentos críticos.