Ponte Preta: Marcelo Fernandes exalta elenco após vitória no dérbi e mira acesso na Série C

Ponte Preta: Marcelo Fernandes exalta elenco após vitória no dérbi e mira acesso na Série C set, 7 2025

Três vitórias, novo fôlego e um recado ao vestiário

Três jogos, três vitórias e um discurso direto ao fim do dérbi: o mérito é dos jogadores. Foi assim que Marcelo Fernandes enquadrou o momento da Ponte Preta depois do clássico campineiro. O técnico, recém-chegado, evitou protagonismo e devolveu os holofotes ao vestiário, destacando compromisso, entrega e execução do plano de jogo como os motores da reação.

Desde a estreia, o treinador acelerou a equipe. A Macaca passou a ocupar o campo de ataque com mais gente, a pressionar a saída adversária e a encurtar os espaços logo após perder a bola. O resultado, por enquanto, é visível no recorte imediato: desempenho mais agressivo, confiança em alta e um time que voltou a competir com intensidade do primeiro ao último minuto.

O clássico ajudou a consolidar essa virada de chave. Em jogos assim, a margem de erro é mínima e a parte mental pesa. O time respondeu com maturidade: controle das ações sem abrir mão da organização, escolhas simples para manter a posse quando o jogo pedia calma e. principalmente, leitura para acelerar nas transições quando surgia espaço. A combinação de concentração e coragem rendeu uma vitória que mexe com a tabela e com o ambiente.

O que mudou em campo e o que vem pela frente

Marcelo não esconde o roteiro tático em construção. A ideia é clara: subir a linha, reduzir o tempo do rival com a bola e recuperar a posse ainda no campo ofensivo. Na prática, isso passa por gatilhos de pressão melhor definidos (principalmente quando a bola vai ao lateral adversário), coberturas mais próximas entre zagueiros e volantes e amplitude pelos lados para esticar a defesa oponente. Sem bola, a equipe encurta o campo; com ela, procura acelerar com passes verticais curtos, aproximando meias e atacantes.

A evolução aparece também nas pequenas rotinas de jogo. A bola parada foi tratada como ativo: escanteios com bloqueios para liberar o primeiro pau, faltas laterais com variações de corrida para confundir a marcação. No setor de criação, os meias passaram a receber mais entrelinhas, o que abriu corredores para os pontas atacarem as costas. Lá atrás, a primeira construção começa com o goleiro e os zagueiros abrindo o campo, enquanto um volante recua para dar a saída limpa.

Se o desenho técnico ficou mais nítido, a parte emocional talvez seja o maior ganho. O elenco, que carregava o peso do rebaixamento em 2024, começou a jogar mais leve. Jogadores que vinham oscilando recuperaram confiança, erraram menos as primeiras decisões e passaram a terminar melhor as jogadas. O staff fala em treino de curto prazo com foco em microciclos de intensidade e recuperação, algo que ajuda quando a maratona de viagens e gramados diferentes entra no roteiro da Série C.

O técnico também valorizou o material humano que encontrou. O grupo é experiente, conhece a competição e tem peças que alternam funções sem perder rendimento. Na prática, isso permite ajustes finos entre partidas: um ponta que fecha por dentro para criar superioridade no meio, um lateral que vira ala com liberdade, um volante que se projeta para surpreender na área. Essa versatilidade encurta caminhos quando a preparação é curta e o calendário aperta.

O impacto da vitória no dérbi vai além da pontuação. Reaproxima a torcida no Majestoso e recoloca a Macaca na conversa do acesso com mais convicção. Em casa, a conexão arquibancada-campo sempre foi um fator. Com o time correndo junto, dividindo bolas e pressionando alto, a energia volta. E isso importa quando cada ponto vira decisão.

O caminho, claro, ainda é longo. A Série C é traiçoeira: viagens longas, gramados que variam e jogos amarrados que se decidem em detalhes. O objetivo imediato é manter o padrão de desempenho, evitar oscilações e somar pontos mesmo nos dias ruins. A comissão trabalhou para reduzir o time de erros não forçados, cuidar da transição defensiva—especialmente após perder a bola no terço final—e preservar a concentração nos minutos finais, quando a perna pesa.

Nos treinos, a ênfase recai em três frentes: intensidade com bola, recuperação pós-perda e organização nas dobras pelos lados. Isso sustenta o plano de pressionar alto sem estourar fisicamente. No dia a dia, a gestão de carga tem funcionado com ajustes de minutagem, rodagem de elenco e escolhas cirúrgicas para o segundo tempo. Entradas pontuais do banco têm mantido o ritmo quando o jogo pede fôlego novo.

Outra frente é a tomada de decisão no último terço. A equipe passou a buscar o passe certo, e não o passe difícil. Menos cruzamentos por obrigação, mais infiltração por leitura. Quando a defesa rival baixa as linhas, a alternativa tem sido girar o jogo com paciência até abrir a janela de finalização de média distância. Quando o adversário morde alto, a saída longa nas costas aparece como antídoto.

O discurso de Marcelo ecoa o que o torcedor quer ouvir e ver: um time propositivo, competitivo e consciente do tamanho da camisa. Ele sabe que a janela para subir de patamar é curta e que o recorte de três vitórias não garante nada por si só. Garante, no máximo, um atalho: confiança para sustentar a ideia e margem para evoluir enquanto a tabela aperta.

Se a Macaca mantiver o nível do dérbi, a briga pelo acesso deixa de ser projeto e vira possibilidade real. O elenco comprou a ideia, o vestiário está unido e o plano tático ganhou corpo. A próxima sequência vai dizer se a curva de desempenho continua apontada para cima. Por ora, o recado está dado: a Ponte reencontrou identidade, intensidade e um treinador que, antes de tudo, colocou os jogadores no centro da história.